Um pouco de história

    Criada em 1871, a profissão do goleiro é uma das mais exóticas do futebol. Apesar de sua fundamental importância no futebol, o goleiro não é tão valorizado quanto merece, portanto contaremos aqui, um pouco sobre sua história e trajetória no mundo futebolístico.

    O goleiro surgiu em 1871, criado depois até do juiz de futebol. Até então, ninguém podia pegar a bola com as mãos, para diferenciar o esporte recém-popularizado do rúgbi. Entre 1880 e 1890 os clubes ingleses procuravam goleiros altos e pesados para que estes de certa maneira ‘fechassem’ o gol. Um dos destaques dessa época foi o goleiro Foulke, um inglês de 1,90 m e 140 kg. A regra ainda não protegia os goleiros, que podiam ser empurrados e atrapalhados. Já em 1891 surge o pênalti, onde este seria um momento onde o goleiro poderia se consagrar defendendo a cobrança. O pênalti até hoje é considerado uma maneira onde o goleiro pode virar herói, porque para muitos é muito fácil o jogador fazer o gol, mas defender já vira outra situação bem diferente e mais difícil. No entanto, naquela época, o jogador podia chutar de qualquer ponto a 11 metros do gol.

    A partir de 1913, o goleiro não pode mais pegar a bola com a mão fora da área, feito isso a atitude tornava-se falta. Em 1914, Marcos Carneiro de Mendonça é o primeiro a defender a Seleção Brasileira. Já em 1938, um fato bem curioso e importante de se lembrar foi o primeiro gol marcado por um goleiro, que foi em 1938, onde o guarda-redes brasileiro Jaguaré, que atuava no Olympique de Marselha da França, que também passou pelo Vasco, é o primeiro a fazer um gol. Foi em um jogo contra o Metz também da França, de pênalti.

    Na década de 30, o mesmo goleiro Jaguaré é o primeiro a usar luvas no Brasil. Ele trouxe a novidade da Europa, onde os arqueiros já usavam luvas de couro para proteger as mãos nos constantes socos na bola.

    Na década de 50, o soviético Lev Yashin, um dos maiores goleiros da história, media 1,89 m. No entanto, era exceção em meio a arqueiros entre 1,75m e 1,80m. Gilmar dos Santos Neves era um deles. Isto é importante para fazermos uma comparação com o porte físico e a altura dos goleiros de hoje em dia.

    Um fator muito importante a ser lembrado, é com relação aos preparadores de goleiros, que somente apareceram na década de 70. Antes disso, os trabalhos físicos realizados com os goleiros não ajudavam em muita coisa, pois eram feitas atividades de ginástica sobre tudo calistênicas. Portanto acabava que os goleiros trabalhavam junto com os jogadores de linha, onde estes eram comandados pelo preparador físico da equipe e na maioria dos treinamentos acabavam que não contribuíam para a evolução das suas defesas. Já com relação à técnica trabalhada, os treinos eram praticamente nulos, isto devido à inexistência dos treinadores de goleiros, e com isso os goleiros acabavam treinando entre si com exercícios de ginástica e chutes um para o outro, onde acabavam na maioria das vezes treinando junto com os jogadores de linha.

    Os goleiros tão maltratados até então, passam a receber certa importância, no dia 26 de abril de 1976 foi oficializado o dia do goleiro. Isto nos mostra a evolução e o valor que os goleiros foram conquistando aos poucos no meio do futebol.

    Voltando às regras, em 1982 foi instituída a punição por sobre-passo, onde o goleiro não podia dar mais de quatro passos com a bola nas mãos. E dez anos depois, em 1992, os goleiros ficam proibidos de pegar a bola com as mãos quando ela é recuada por um companheiro do mesmo time. Dessa forma, a preparação dos arqueiros passa a envolver jogadas com os pés e reposições de bola, um fundamento hoje muito importante para os goleiros já que constantemente eles são obrigados a utilizar deste meio, sendo assim são poucos os que se sobressaem nesse tipo de jogada.

    No ano 2000 mais uma mudança para ‘facilitar’ a vida dos goleiros, é estipulado um tempo máximo de 6 segundos para que o goleiro possa ficar com a bola nas mãos dentro da área, portanto quando ele realiza uma defesa tem apenas 6 segundos para repor a bola rapidamente ao seu companheiro de equipe.

    Em 2006 o futebol brasileiro ganha mais um prêmio, este foi quando o goleiro Rogério Ceni, jogador do São Paulo F.C, bateu o recorde de 62 gols do ex-goleiro Chilavert. No dia 20 de agosto, Rogério tornou-se o maior goleiro artilheiro da história ao marcar contra o Cruzeiro seu 63° gol em partidas oficiais. Atualmente, Rogério tem 91 gols feitos com a camisa tricolor.

    Antes dos anos 70 não havia preparadores de goleiros, e até o ano 2008 também não havia escola para goleiros, foi onde o ex-goleiro Zetti abriu uma escola especializada em formar goleiros, nos mostrando a prova da valorização da posição no futebol brasileiro.

    Portanto, contamos aqui, um pouco sobre a trajetória dos goleiros no mundo do futebol, mostrando sua evolução não só do físico quanto também à evolução dos treinamentos, aceitação e valorização no futebol. São extremamente importantes esses dados para compararmos e termos uma base de como era a vida dos goleiros antigamente. Abordamos também sobre as mudanças ocorridas nas regras, mostrando que a cada dia e a cada regra nova a vida dos goleiros foi se complicando um pouco mais.

Fonte: Aulas Ms. Marcelo Vilhena

Fonte de pesquisa:

- RIBEIRO, Diego. Disponível em: http://esportes.terra.com.br/futebol/estaduais/2009/intern/0,,OI3724212-EI12378,00-Relembre+momentos+historicos+da+profissao+goleiro.html.


- TAVARES, Omar; TELLES, Silvio. A preparaçao de goleiros e sua evolução.Rio de Janeiro, 2006.